Os anos de laboratório do Raimundo

O Raimundo trabalha há 40 anos na área de Laboratório e já soma 2 décadas na nossa companhia. Veio-nos falar um pouco de como o seu trabalho foi evoluindo e do que foi mudando ao longo dos anos. 

Olá (José) Raimundo, muito obrigada por teres encontrado algum tempo para partilhares algumas histórias connosco. Não foi fácil convencer-te!

Não é por mal, mas sou muito reservado, gosto pouco de falar sobre mim.

Não te preocupes, vamos focar-nos mais nas histórias que nos podes contar sobre o que viveste nestes 40 anos de “Laboratório”. O que te parece?

Parece-me bem. Não foram 40 anos de Contisystems, tudo começou na Paragon…..

Então como foste parar à Paragon?

Em 1980 quando terminei os meus estudos, candidatei-me a uma vaga na área na Contabilidade na Paragon. No entanto, como não tinha o Serviço Militar cumprido não pude ir. Entretanto isso foi ultrapassado e passei à Reserva Territorial, mas quando lá cheguei novamente, o lugar na Contabilidade já tinha sido preenchido. Mas o Diretor das Operações simpatizou muito comigo, viu o meu CV, reparou que eu tinha 19,75 a desenho e isso chamou-lhe a atenção. Eles estavam a precisar de uma pessoa para a área de desenho e por isso fiz alguns testes e entrei.

Ena, o desenho era mesmo uma vocação!

Sim, fiquei muito contente por ir trabalhar numa área que me dava tanto gozo.

Como foi começar a trabalhar?

Tinha 19 anos, era tudo novo para mim. Durante 3 meses andei a correr todos os departamentos. Fui ajudante de máquina, fiz controlo de produção, passei por tudo. Foi ótimo como arranque e integração, e ajudou-me muito a perceber como funcionava todo o fluxo do negócio da impressão.

Então e como era trabalhar na área de “desenho” na altura?

Fazia-se tudo à mão. As maquetes dos formulários eram construídas à mão sobre acetato, com letras decalcadas e traços desenhados. Depois eram fotografadas com máquinas especiais, a revelação manual com revelador, fixador e água. Se fossem necessários efeitos de meios tons, tinham de ser dados na revelação. O resultado de todos este processo era uma película fotográfica, com o desenho que se pretendia imprimir. A parte de gravação da chapa, consistia na projeção do conteúdo da película fotográfica na chapa de offset. Este contato era feito numa prensa de ultravioletas.

Era uma arte portanto…imagino que tenha evoluído muito desde então…

Muito mesmo, um processo que hoje em dia leva uma hora poderia levar uma semana nessa altura. Mas foi tudo progressivo, a composição deixou de ser manual, máquinas de compor textos e sistemas de fotomontagem substituíram parcialmente o trabalho manual. Foi uma evolução brutal, na altura reduziu-nos a estrutura em 50%. Mas o boom foi mesmo quando apareceu o sistema PURUP que na altura, por volta de 1988, custou 60 mil contos. Aí já era tudo digitalizado, sistema construía as maquetes a cores se necessário, fazia a saída de provas em papel, filme fotográfico ou chapa offset. Lembro-me que demorava 24h para fazer um backup!

Mas já não é com isso que trabalhas…

Não, claro que não. Entretanto apareceu o sistema Macintosh como temos hoje, embora menos evoluído claro.

Então e quando aparece a Contisystems?

Em 2001 a Paragon é integrada na Contiforme e eu fiquei a executar as mesmas funções.

O que gostas mais de fazer no teu trabalho?

Há coisas que são chatas, mas que na verdade me dão gozo, pela confiança, responsabilidade e segurança com que as executo. Sou muito rigoroso e não gosto de falhar. Continuo a gostar muito desenhar, desenhar logotipos dá-me um gozo especial.

O que achas que é essencial para trabalhar no laboratório?

Concentração absoluta. Temos de estar totalmente focados no que estamos a fazer senão dá asneira.

E na vida pessoal, qual é o teu foco?

Além do Sporting? Estou a brincar… Acho que à medida que o tempo passa todos ganhamos maior noção da importância que têm as coisas mais basilares da vida. Ando a dedicar-me à agricultura no quintal lá de casa e tento estar mais tempo com a família. Acho que não curti as minhas filhas como queria e não quero que o mesmo aconteça com os netos. Estou muito orgulhoso das filhas que criámos e quero dedicar-lhes, a elas e aos meus netos, todo o tempo que possa.

Muito obrigada pelo teu tempo Raimundo, foi muito bom conversar contigo!